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sexta-feira, agosto 29, 2003

Meta
(versão 52a – série “desporto”)
Corriam desesperados às voltas de 400 metros para que se pudessem abraçar quando terminasse. Árdua tarefa esta de atletas que se dispõem em pistas infinitamente paralelas para alcançarem um único fim. Treinos diários de muitas horas para se esgotarem em pouquíssimo tempo. Mais efémera que a vitória, todas as derrotas.
Por isso acedera participar na corrida utópica: não fora terem-se esquecido de que tinham que cortar uma meta e a esta hora já havia um derrotado!

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domingo, agosto 10, 2003

Férias
(versão 48a – série “desporto”)
O desportista urbano trotineta passeio fora assim como quase muitos que se motorizam em tempo de férias porque não têm tempo, nunca têm tempo para não ter pressa... e vai daí moto4 por onde se transeunta e jipalham pelas dunas que assim corrigem as imperfeições das ditas e autocaravaneiam-se pelos pedaços verdejantes (os que sobejam) e outros mais amarelados mas bafejados pela maresia todos muito greenpeace e os que não acampalham por todos avante! que até é mais barato para assim se auto-marxizarem? E correm muitos para sudoeste, alguns vindos do norte e os que já não foram para sul que assim praticam o britishês com sotaque da globo que os preços estão pela hora da morte. Aleluia! E por falar em amor com a lua por testemunha que o pó turva a acção. Inconfidências à mão?
... e as duas rodas? sempre à roda que a velocidade é inimiga do capacete que os desinteligenta a 200 km/hora e não há rails laterais que os recebam.
... e os carrinhos de compras último modelo existente no continente, em feiras novas que os pingos nem sempre doces são por vezes combatidos pelos mosqueteiros... Aí sim, reproduz-se mais do que tudo aquilo que se vê pelos IPês5, 3, e outros Icêsuns e tantos, Auto(suficientes)Estradas que com paragens em vez de portagens evitariam que ultrapassássemos as páginas de necrologia do país, deste. E não nos endividaríamos. Só o jardim da madeira que esse não arde porque tem um porto santo! E aleluia mais uma!
E os ultra-leves e o peso daquilo tudo e as motos de água diferentes das outras menos líquidas e os patins em linha, que em curvas, em rectas, em ângulos... e também. E claro, para fugir de tudo isto, corre-se, corre-se muito em direcção às bandeiras azuis, verdes, encarnadas, alvi-negras... ao apito na boca... que é falta! É de facto pena que falte muito para terminarem... as férias... dos outros.

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quinta-feira, agosto 07, 2003

Corrector português
(versão 42a – série “desporto”)
E na 2.ª volta à pista já as muletas de cinza se tinham destacado das demais. Com uma muletada resoluta e bem cadenciada que desesperava o seu atleta, por a custo conseguir acompanhá-la, ia deixando para trás os demais concorrentes: na pista 1 o penico narigudo bem se ia esticando à procura da linha que não chegava; na pista 3 um agrafa desesperava de dor que o tinha abandonado... e deixou-se ficar para último; na pista 6 o cachimbo baforava-se todo para não perder de vista as muletas cinzas e tossicava propositadamente para se ir impulsionando... não perdia assim de vista as muletas e o penico não ia muito mais além e, por último, na pista 12 uma impressora de jacto de tinta perinchava-se toda para não deixar má impressão que o patrocinador do evento era o Évelete Park. O público esfuziava-se todo com a disputa entre as muletas, o cachimbo e o penico. A impressora de tão boa impressão lá ia mais devagar, o agrafa para aclamar a dor ia recolhendo o desperdício da impressora adoptando-o como se um de seus filhos se tratasse. Renhida a corrida decidiu-se na primeira volta e ainda antes da partida. O declarado vencedor foi a fita métrica de metro e meio pois foi a única a permanecer enrolada no seu bloco de chegada.
Nunca mais ninguém se tinha lembrado do corrector português, o nosso lídimo representante que se alheara completamente da competição para ir corrigindo as linhas das marcações das várias pistas. Ao vê-los passar limitava-se a insultá-los: surrealistas!

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domingo, agosto 03, 2003

Chutenabol
(versão 37a – série “desporto”)
E o campeonato que não mais acaba!
Hordas de chutenaboleiros de bancada com part-times de apitadores de loas às mães de todos os outros que a dele nunca pariu!
Puritana a bola que vai com todos e de todos para alguns, sempre os mesmos, nem sempre os melhores, mas... o que importa é que a minha equipa ganhe... como se fora dele... a equipa, o clube pelo qual se torce todo e quando não lhe dá para torcer os outros que em casa a televisão parte o jogo em dois e ainda bem que é assim. Como seria aborrecida a publicidade sem um jogo de permeio...
...claro que a vestimenta dos chutenabolistas de relvado mostra-lhes o caminho, insuficiente convenhamos, pois que se encontra também na indumentária do inimigo. Porque será? Agora já não nos é permitido o acesso ao seu umbigo (confesso que nas repetições procurava sempre descortinar um pouco de cotão. Tenho até várias gravações, de muitos e diversos ângulos, alguns inversos).

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